terça-feira, 18 de março de 2014

Resenha: Mentiras Fatais (Casos de Liebermann livro 3)

Este é o terceiro livro da série Os Casos de Liebermann (Liebermann Papers), escrita por Frank Tallis desde 2005 e que chegou até o volume 6 em 2011. A série conta a história do Dr. Max Liebermann, psicólogo e discípulo de Freud, que ajuda seu amigo inspetor de polícia Oskar Rheinhardt a solucionar alguns crimes utilizando todos os seus conhecimentos da psique humana. A série se passa em Viena no início do século 20 e ao decorrer dos livros também acompanhamos a história amorosa de Max, bem como suas conversas com Freud e suas sessões de música com Oskar. Os livros são sempre contados do ponto de vista de um narrador onipresente, que nos mostra passo-a-passo o que está acontecendo tanto com Max Liebermann, Oskar Rheinhardt e com quem está sendo investigado. Mas isso tudo ocorre sem que fiquemos sabendo de quem cometeu o crime, ou como ele foi feito.




Este terceiro livro da série mostra a investigação da morte de um estudante em uma escola militar fora da zona urbana de Viena. Aparentemente foi morte natural, mas Oskar tem uma suspeita de que há muito mais por trás dessa história do que vemos na superfície. Acabamos por descobrir que a escola é cheia de segredos e mentiras, mentiras essas que se mostram fatais para algumas pessoas. Paralelamente, a polícia de Viena trabalha em um caso extremamente sigiloso, envolvendo o próprio imperador. Confira abaixo a sinopse oficial do livro:
"Ciência forense, psicanálise e criminologia. Seria coincidência as três terem surgido exatamente na mesma época? Para o psicanalista Frank Tallis, uma das maiores autoridades em neurose obsessiva do Reino Unido, elas estão muito mais ligadas do que parece. “Há muitos traços comuns que ligam o trabalho detetivesco e a psicanálise. Em termos fundamentais, Sigmund Freud e Sherlock Holmes estavam no mesmo ramo”, argumenta. Inspirado em ambos, Tallis criou um detetive capaz de unir suas principais características para solucionar os mais intrincados mistérios.
Foi assim que surgiu a série Os casos de Liebermann – Aventuras de um detetive freudiano, sucesso de público e crítica. São romances policiais ambientados em Viena, entre 1902 e 1914, que se desenvolvem paralelamente à verdadeira história da psicanálise. Em Mentiras fatais, terceiro volume da coleção, a conservadora sociedade austríaca recebe com choque a notícia da misteriosa morte de um cadete da tradicional escola militar São Floriano. Apesar dos esforços da polícia, sob o comando do inspetor Oskar Rheinhardt, é impossível determinar as causas da fatalidade, e tudo parece indicar uma morte natural.
Rheinhardt, porém, desconfia do contrário, e, apesar da relutância inicial de seu superior, consegue uma autorização para continuar a investigar. E chama, então, seu amigo — e discípulo de Freud — Max Liebermann para ajudá-lo. No entanto, o silêncio e o segredo, assim como a busca por poder, faz parte dos alicerces da instituição militar. E é cada vez mais difícil arrancar depoimentos sinceros de alunos e professores. Abrindo caminho com muita paciência e dedução, Rheinhardt e Liebermann descobrem um grupo de alunos, com certo pendor para o sadismo e jogos perigosos.
Mas eles não são os únicos suspeitos: a vítima era convidada constante da jovem esposa do diretor. Ao mesmo tempo em que relacionamentos secretos são descobertos, Liebermann vê sua situação amorosa se complicar ainda mais ao conhecer a misteriosa violinista húngara Trezska Novak. Mais uma vez, nada é o que parece e Liebermann mergulha no mundo da espionagem. E precisa fazer escolhas que podem ameaçar a estabilidade de todo Império Habsburgo."
A história é dividida em 4 partes, e cada parte em diversos capítulos, que são bem curtinhos, com 5 a 10 páginas em sua maior parte. Para se ter uma ideia, o livro tem 406 páginas e 81 capítulos, o que dá uma média de 5 páginas por capítulo. Eu particularmente gostei bastante disso, visto que tem dias que eu posso ler pouco, ou que tenho pequenos intervalos para a leitura. Assim eu consigo ler um capítulo em uma pausa, ou ler apenas algumas páginas antes de dormir quando chego muito tarde. Essa divisão também não atrapalha nem um pouco a leitura para quem quer ler direto sem pausas: a troca faz com que possamos trocar de foco entre Liebermann e os alunos e professores da escola militar.

Esta troca de foco inclusive é algo que adoro na série: todos os personagens envolvidos são apresentados devidamente, construídos como pessoas reais, e podemos acompanhar o que eles fazem enquanto a investigação está sendo desenvolvida. Neste volume, paralelamente com a investigação sobre a morte do menino e os acontecimentos na vida pessoal de Max Liebermann e Oskar Rheinhardt, também acompanhamos o dia-a-dia dos alunos e professores da escola militar, tudo isso sem saber o que aconteceu no dia, ou antes da morte. Porém, vamos conhecendo o perfil de cada um deles, e podemos tentar imaginar o que poderia ter acontecido. E claro, ser surpreendidos aos final ainda assim.

Estou adorando o desenvolvimento dos personagens e seu background. Este terceiro livro pareceu se focar um pouco menos na vida de Max e Oskar, mas não que os acontecimentos não tenham sido importantes. Esta história mostrou o que podemos esperar de Max e Amélia Lydgate, bem como o que pode vir para a carreira de Oskar Rheinhard na polícia de Viena.


Notas Finais


Essa é definitivamente uma das minhas séries favoritas ao lado, é claro, de Sherlock Holmes. A mistura de temas: investigação, psicologia, música e comida, tudo se passando na Viena do início do século 20, é extremamente bem feita e agradável. Impossível não ficar curioso com os mistérios apresentados, não simpatizar com Max ou Oskar com seus problemas familiares ou de relacionamentos amorosos, querer ouvir música clássica ou mesmo ficar com fome e querer um bolo com café para acompanhar nossos heróis enquanto eles tomam o café deles nas páginas do livro. Obrigatória para fãs de Sherlock Holmes, e extremamente indicada para quem gosta de mistério e investigação, esta série vale a pena ler, e espero que a Editora Record traga os outros 3 livros da série logo. Estarei esperando com um café/chá quentinho, e uma fatia de bolo com nome estranho e impronunciável.

Sobre o Autor (Texto presente no site da Editora Record):
Frank Tallis é escritor e trabalha como psicólogo clínico. Lecionou psicologia clínica e neurociências no Instituto de Psiquiatria e no King"s College, em Londres. Escreveu livros de não-ficção para o público em geral (Changing Minds, Hidden Minds e Love Sick), livros didáticos e mais de trinta artigos acadêmicos publicados em periódicos internacionais. É uma das maiores autoridades em neurose obsessiva no Reino Unido, e teve um papel fundamental na criação da OCD Action, uma instituição beneficente para pessoas que sofrem de distúrbios obsessivo-compulsivos. Escreveu também dois romances, Killing Time e Sensing Others. Em 1999, recebeu o Writers" Award do Conselho de Arte da Grã-Bretanha e, em 2002, o New London Writers" Award (London Arts Board).
Confira abaixo a resenha em vídeo:


Se quiser, compre o primeiro volume, ou este da resenha.

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